Diz-se “crossover” e já estás a imaginar mais um carro que parece um SUV, anda como um utilitário e custa como se fosse premium. Mas e se, por uma vez, ele fosse mesmo bom? Um carro que consegue ser prático para o dia a dia, confortável o suficiente para longas viagens e ainda te dar aquele prazer de conduzir quando precisas de escapar à rotina. Sim, o X1 faz tudo isso sem querer ser mais do que é… e isso, por si só, já é uma vitória.
- Design e Presença:
O X1 pode não virar cabeças como um concept car futurista, mas há ali uma segurança no desenho que se aprecia com o tempo. A grelha está contida (ponto extra para a BMW por não cair na tentação do exagero), os faróis têm aquele olhar afiado da marca, e há proporções certas por todo o lado. É o tipo de carro que não precisa de truques… e isso, por vezes, é o maior truque de todos. O branco em particular dá-lhe um ar limpo e moderno, daqueles que te fazem limpar o pó com mais carinho do que à estante da sala.
- Motor e Desempenho:
A frase “3 cilindros a gasóleo” costuma vir com expectativas baixas, tipo “isto vai ser giro… eventualmente”. Mas aqui, surpresa: o motor responde bem, tem uma entrega suave, e em modo Sport até se esquece que só tem três pulmões. Em EcoPro é mais contido, como quem sussurra “poupa-me, amigo”, mas mesmo assim não chega a ser enfadonho. Em Comfort é agradável, como estamos habituados á BMW.
- Eficiência e Fiabilidade:
Este X1 é daqueles que bebem água das pedras. A marca anuncia 4,2 L/100 km, e com o pé certo acredito que seja possível. Agora, se fores como eu e não sais do modo Sport, mesmo assim vais olhar para os consumos e pensar “epa, nada mau”. Em termos de fiabilidade, os motores B38 não são feitos de diamante, mas também não são bombas-relógio. Tratas bem dele, ele trata de ti. Negligências? Aí já sabes, o karma anda à solta.
- Condução e Dinâmica:
Se há coisa que a BMW sabe fazer, é chassis. E mesmo quando entra na zona “SUV com dieta”, onde muitos carros começam a parecer barcos, o X1 mantém-se firme. Curvas? Aguenta. Resposta ao volante? Rápida. Sobe passeios com classe e entra em autoestrada com vontade. Pode não ter o conforto de um sofá de veludo, mas acerta no equilíbrio entre leveza e controlo. É um crossover que se conduz como se quisesse ser hatchback, e isso é um elogio suficiente.
- Interior e Equipamentos:
Aqui entra a parte racional do cérebro: tudo é intuitivo, tudo funciona, nada é excessivo. Mas o coração fica à espera de um bocadinho mais. O interior é simples, prático, sem truques nem malabarismos. Bancos em tecido confortáveis, botões físicos no sítio certo e um painel digital que faz o que tem a fazer. Mas sendo isto um BMW, esperava-se talvez um pouco mais de “uau”. Não que falte qualidade, falta só aquele brilho.
E se o X1 for o melhor da turma?
Se não gostares de crossovers, como é o meu caso, não há milagres. Mas se estiveres mesmo à procura de um, o X1 é dos que leva o assunto a sério. Um DS 7 Crossback pode ganhar pontos no conforto e no efeito “teatro francês”, mas o BMW tem mais equilíbrio entre condução, eficiência e aquele ar de quem vai durar mais tempo que a tua subscrição do ginásio. No segmento, há poucas escolhas tão completas.- Veredito Final
Se os crossovers são inevitáveis, que pelo menos sejam bem feitos. E este está. O X1 é um daqueles casos em que o pragmatismo e o prazer de condução andam de mãos dadas, e o resultado é um carro que pode agradar tanto ao condutor entusiasta como ao passageiro que só quer conforto e silêncio. Se não te apaixona ao primeiro olhar, conquista-te com o tempo, como aqueles restaurantes que parecem banais mas depois… voltas sempre.